sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Experiências Discursivas por Luciane Zanin - AS OCUPAÇÕES DE ESCOLAS E UNIVERSIDADES NO PARANÁ E NO BRASIL EM 2016.

Imagem retirada da página - agora inexistente - "Ocupa Paraná", no Facebook
No ano passado, quando ainda estava no Ensino Médio, presenciei pela primeira vez uma greve duradoura dos professores e funcionários públicos. Foi a primeira vez que percebi como funcionava a relação entre governo, funcionários públicos e estudantes. Com certeza, essa movimentação grevista no ano de 2015 me deu um motivo a mais para desejar cursar história. A intenção era, também, entender porque aquilo acontecia.
Quando entrei na universidade, o espectro da greve ainda rondava por seus corredores. E então, tivemos uma mudança no governo federal, que passou a propor mudanças impopulares entre professores e alunos em geral, como a antiga PEC 241 – que foi aprovada como 55 – e a MP 746/2016.
Em outubro, algumas escolas secundárias começaram a ser ocupadas por seus estudantes, no início, foi muito tímido, como se o movimento não fosse muito longe, então, em pouco tempo, centenas de escolas já estavam ocupadas em todo o estado.
Imagem retirada da página - agora inexistente - "Ocupa Paraná", no Facebook
Eu, pessoalmente, fiquei muito feliz quando em certa parte desse período, vi que a escola em que eu estudei por sete anos, no ensino fundamental e médio, havia sido ocupada, mesmo que essa escola atenda uma região periférica da cidade. Isso me fez pensar que essa geração – da qual também faço parte – não está se contentando com as informações mastigadas que estão vindo da mídia, e estão procurando entender mais de política.
Algum tempo depois, no dia 17 de outubro, tive a oportunidade participar de duas assembleias estudantis, para decidir se a universidade seria ocupada, a primeira, foi muito pacífica, e de forma unânime, os estudantes do período matutino que compareceram na assembleia, votaram pela ocupação. À noite, a assembleia estava muito mais cheia e agitada, com muito mais pessoas que eram contra a ocupação, mas mesmo assim, por volta das 22h, depois de muita discussão, o campus foi ocupado.


Ocupação do Campus Sta. Cruz Unicentro


Esse período de mais ou menos um mês, em que a universidade estava ocupada, foi o período, desde o início do ano, em que pela primeira vez, eu realmente senti que estava em uma universidade. A ocupação trouxe à tona uma ideia do que a universidade realmente deveria ser, pelo menos para mim. Participei de discussões que nunca seriam possíveis apenas dentro da grade curricular de História. Conversei, pude trocar ideias e aprender muito com alunos e professores de cursos como Arte, Pedagogia, Filosofia, Letras e os de Comunicação Social, e era essa interdisciplinaridade que eu imaginava encontrar na universidade. Esse contato com acadêmicos de outros cursos foi extremamente produtivo, visto que antes disso, ele não se estendia muito além da passagem um pelos outros nos corredores da universidade.
A partir do dia seguinte, a ocupação se deu, propriamente dita, e eu tentei participar o mais ativamente possível, pois senti que eu, sendo uma aluna do primeiro ano, ainda no início do curso, tinha obrigação de tentar mudar alguma coisa, enquanto ainda havia tempo. Esse período de mais ou menos um mês, em que a universidade estava ocupada, foi o período, desde o início do ano, em que pela primeira vez, eu realmente senti que estava em uma universidade. A ocupação trouxe à tona uma ideia do que a universidade realmente deveria ser, pelo menos para mim. Participei de discussões que nunca seriam possíveis apenas dentro da grade curricular de História. Conversei, pude trocar ideias e aprender muito com alunos e professores de cursos como Arte, Pedagogia, Filosofia, Letras e os de Comunicação Social, e era essa interdisciplinaridade que eu imaginava encontrar na universidade. Esse contato com acadêmicos de outros cursos foi extremamente produtivo, visto que antes disso, ele não se estendia muito além da passagem um pelos outros nos corredores da universidade.
A ocupação acabou tendo seu fim, em meados de novembro, no entanto, o sentimento de união entre as pessoas que participaram, permaneceu. Principalmente, por que é comum o pensamento de que, no futuro, ao menos, não nos arrependeremos de não ter lutado.
As ocupações, que alcançaram mais de 1000 escolas e universidades em todo o país, também tiveram seu fim, principalmente pelas tristes fatalidades que acabaram pairando sobre o movimento. Mas a luta, com certeza, vai continuar, pois as ocupações mostraram que, o movimento estudantil está forte, e ele resiste!

Ocupação do Campus Sta. Cruz Unicentro.

Experiências Discursivas por Gerhard A. Richardt - Viagem a Poços de Caldas e Caldas MG

Nos dias 16 e 19 de dezembro, tive o privilégio de realizar uma viajem a campo com a turma do 3º ano de geografia e do Geopet da Unicentro para a cidade de Caldas-MG e Poços de Caldas-MG.
A histórica cidade de Poços de Caldas encontra-se no planalto que leva o mesmo nome. A região é rica em fontes de água mineral, que foram descobertas principalmente no século XVII. Atualmente a região se destaca na extração de bauxita, utilizada para a produção de alumínio, e também na extração de granito para exportação.
Na região de Caldas, mais especificamente na localidade de Pocinhos do Rio Verde, local de nossa estadia, encontram-se diversas fontes termais, e uma rede hoteleira preparada para atender a demanda dos turistas. Uma das principais características é a forte presença de agricultores familiares bem como microempresas familiares.
O lugar é de extrema beleza, pois se encontra em uma faixa de mata atlântica, com áreas de proteção ambiental, uma delas é a Pedra Branca, que possui diversas cachoeiras com áreas de banho. Por ser uma região turística, é notável a presença de casarões que se remetem ao século XIX, onde as fachadas são conservadas para que os visitantes possam admirar a arquitetura de outro século.
Durante a estadia em Pocinhos do Rio Verde, participamos da tradicional "Festa de Santa Barbara", a região tem como costume realizar essa festa no mês de dezembro.  E neste ano ela foi realizada no dia 17, onde toda a comunidade se fez presente para as comemorações.
A viagem só foi possível pela recepção singular que tivemos, grato ao Sr. João Luiz, a Sra. Ilsa e ao Prof. Clayton, que nos receberam em sua casa, e tornaram a viagem aconchegante e propiciaram bons momentos. 

Planalto de Caldas - Pocinhos do Rio Verde

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Experiências Discursivas por Rafael Hass Wendler - O historiador árabe Ibn Khaldun

Abd Al-Rahman Ibn Khaldun (1332-1406), além de historiador, o árabe possuía diversas alcunhas, dentre elas  astrônomo, economista, jurista islâmico, advogado islâmico, erudito islâmico, teólogo islâmico, hafiz, matemático, estrategista militar, nutricionista, filósofo, cientista social e estadista. Sua grande obra foi o Muqaddimah, a primeira parte de seu livro de história universal, onde apresenta através da troca de dinastias do Magreb, uma filosofia da história cíclica[1], também e conhecido no ocidente como Prolegômenos.
 Nascera na região do Magreb, onde hoje é a Tunísia. Partiu ainda menino com sua família para Espanha, em Sevilha, região onde havia hegemonia árabe, porém, após os reinos cristãos se expandirem para sul da Espanha retornará a Túnis, onde seu avô era um importante político. Ibn receberá boa educação, apesar de seus pais serem carentes de bens. Segundo Hourani (1994), acredita-se que até as famílias consideradas pobres ou desfavorecidas, tinham uma boa educação fundamentada nas normas do Alcorão. Que corrobora com a pesquisa de Giordani (1985), a qual os métodos de ensino dos muçulmanos no período medieval são totalmente fundamentados a partir do Alcorão[2]. Já na juventude, Ibn Khaldun foi buscar o conhecimento em diversas cidades, e em várias mesquitas, onde aprendeu sobre o alcorão (livro sagrado dos muçulmanos), a moral, a lei, a matemática, a logica e a filosofia islã. Segundo Hourani (1994), era costume da época, viajar em busca de conhecimento e daqueles que pudessem oferecê-lo.
Devido a seu conhecimento da lei e da ordem, permeou por diversos cargos públicos da cidade de Túnis. Também, percorreu servindo diversas cidades e califados da região do Magreb, como politico ou ensinando em mesquitas. Visto que, em diversas dessas mudanças de Ibn Khaldun, fora em virtude de disputas políticas, Hourani (1994) considera que as relações entre governantes árabes eram instáveis. Como se vê nesta citação:
Foi para granada capital do último império remanescente da Espanha muçulmana [...] participou da política de atrair os chefes árabes ou berberes das estepes e montanhas para que se aliassem aos governantes que servia, e a influência que ganhou junto a eles foi útil quando, como lhe aconteceu repetidas vezes na vida, caiu em desfavor junto ao seu senhor. (HOURANI, 1994, p. 16).

 Após, muitas empreitadas, passou quatro anos (1375-1379), vivendo num castelo, no interior da Argélia, assim, passou escrevendo sua principal obra o Muqaddimah, que é o primeiro volume, de sua obra de história geral Kitab al-Ibar, que seria uma história geral das dinastias do Magreb.
O Muqaddimah é uma obra de exponencial importância para a História. Nesta obra, Ibn Khaldun, tentou explicar, por meio de ascensão e queda de dinastias, como funciona o governo islâmico, ou seja, os califados e suas transformações, criando um tipo de teoria da história cíclica. Na mudança de uma tribo da estepe ou da montanha, a qual possuía um governo desorganizado, para um governo complexo e organizado, o qual tinha objetivo de obtenção e manutenção do poder.
Quem pratica esta ciência precisa conhecer as regras do estadismo, a natureza das coisas existentes e a diferença entre nações, regiões e tribos em relação a estilo de vida, qualidades de caráter, costumes, seitas, escolas de pensamento, e assim por diante. Deve distinguir as semelhanças  e diferenças entre o presente e o passado, e conhecer as várias origens das dinastias e comunidades, os motivos porque vieram a existir, as circunstâncias das pessoas nelas envolvidas, e sua história. (IBN KHALDUN, 1994, p. 209 apud HOURANI, p. 28).

Também, Ibn Khaldun, atenta para a legitimidade do governante. Algo que ele chamou de “governante divino”, ou seja, um individuo, que é considerado descendente de Maomé, portanto, nos diz, que dos laços de ancestralidade pelo qual um líder ou governante da região se transformaria em um “governante divino”, fundando uma dinastia.
Poderosas dinastias tinham cidades centro da cultura muçulmana, como são caso das cidades de Túnis, Meca e Damasco, as quais eram governadas por grandes califados. No entanto, Ibn Khaldun, pontua que toda dinastia traria consigo a sua destruição. Como se vê nesta citação:
 Com a aproximação do segundo estágio o soberano mostra-se independente de seu povo: reclama toda glória para si e afasta dela a sua gente [...] Como resultado, eles tornam-se seus inimigos e, para impedir que tomem o poder, ele precisa de outros amigos, não de sua gente, que possa usar contra seu próprio povo. (IBN KHALDUN, 1994, p. 218 apud HOURANI, p. 183).

Em sua visão, Khaldun, diz que o número dos membros de uma dinastia é ordinariamente três, sendo o primeiro o fundador, o segundo alcança o auge da dinastia e o terceiro inicia a decadência. Desta maneira, um governante que fosse extravagante, tirano ou não qualificado para o comando, perdia legitimidade divina e o fervor do povo. Segundo Khaldun, esses eram indícios da mudança de governo, ou seja, o fim de uma dinastia e o alvorecer de uma nova, já que, este governante não possuía mais a legitimidade divina para permanecer no poder. Assim, nascia um novo descendente de Maomé, que formularia nova dinastia.
Ibn Khaldun, também faz apontamentos sobre os governos ocidentais cristãos, que por não serem organizados, segundo as normas do Alcorão, e não possuírem legitimidade divina estariam fadados ao caos.
Anos após a conclusão de sua obra, Ibn Khaldun, juntara diversas inimizades por sua personalidade, então, foi embora de Túnis, indo ensinar teologia islâmica nos palácios reais de Cairo, que era capital do Sultanato Mameluco. Ao viajarem a seu encontro em Cairo, o navio que fazia a travessia da família de Ibn Khaldun, naufragou. Então, após a morte de sua esposa e filhos por naufrágio e a morte de seus pais vitimas da peste negra. Ibn Khaldun abandonou todos os seus afazeres, e passou o resto da vida para peregrinação, viajando entre os centros árabes, como a Síria, Damasco, Jerusalém e Cairo, aonde veio a falecer aos 74 anos. Sua obra e sua trajetória são amostras de um mundo estranho a nós, uma Idade Média diferente, um mundo de constantes transformações.
Definir Ibn Khaldun apenas como historiador, limitaria sua capacidade intelectual, segundo Maria Guadalupe (2000), foi considerado como o pai da sociologia e da antropologia, sendo um dos grandes expoentes e difusores do mundo islâmico. Assim, Hourani (1994), nos diz que Ibn Khaldun, foi tão importante para o mundo árabe, quanto para mundo ocidental, pois, a partir de sua obra, é que conseguimos conhecer um pouco sobre o mundo árabe, e compreender sua cultura e os ensinamentos do Alcorão. E para os árabes, foi grande decifrador da cultura do Magreb, conhecedor e difusor do islamismo.
Infelizmente, muitas de suas obras se perderam no tempo, entretanto, apesar da carência de fontes sobre o mundo islâmico, é possível denotar que Abd Al-Rahman Ibn Khaldun foi um notável expoente do mundo árabe medieval. E sua obra o Muqaddimah, foi inovadora, a forma com que trata a História.
Da esquerda para direita - Monumento a Ibn Khaldun no centro de Túnis (capital da atual Tunísia), representação de Khaldun do século XX (artista desconhecido), a principal obra de Ibn Khaldun, o Muqaddimah nas versões mais recentes traduzida para ocidente e em árabe. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GIORDANI, Mário Curtis. História do mundo árabe medieval. 5. Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1985.
HOURANI, Albert.  Uma história dos povos árabes. Tradução de Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
STEWART, Desmond. El mundo árabe. México: Offset Multicolor, 1963.





[1] Há congruências sobre a utilização deste termo, pois, Giordani (1985), apenas utiliza o termo filosofia da história cíclica para definir a obra de Ibn Khaldun. Já Hourani (1994), a mesma se apresenta como uma teoria da história cíclica, visto que, está não possui nenhum sentido único e nem finalidade universal.
[2] Esse método de ensino é conhecido como Nizamiyya, o qual continha diversas disciplinas, dentre as mais destacáveis estão à jurisprudência, a história, a astronomia, a matemática, a música, a química e a arquitetura.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Experiências discursivas por Pedro Renó: Silêncios sobre a Real Feitoria do Linho Cânhamo


 Durante a minha jornada pela educação básica, nunca ouvi e nem li nada a respeito da Real Feitoria do Linho Cânhamo. Esse tema veio a mim de maneira inusitada enquanto lia alguns artigos a respeito da história da Cannabis no Brasil, só assim fiquei sabendo que essa mesma planta já foi usada e cultivada livremente em solo brasileiro. Da curiosidade à indignação, como algo de tão grande dimensão fica assim despercebido por baixo dos panos?
 O linho cânhamo é produzido a partir da fibra extraída do caule da Cannabis, e foi de grande importância para o processo das navegações, são muito mais resistentes e flexíveis que as alternativas feitas de algodão. Por isso todas as cordas, velas e tecidos utilizados nos navios eram produzidos a partir dessa mesma fibra, fazendo da Cannabis, uma planta de grande valor econômico e político nesse período. Seu cultivo foi influenciado pela coroa portuguesa, e o projeto foi colocado em ação onde hoje se localiza o Rio grande do Sul, mais precisamente nas regiões de Canguçú (1783-1789) e no Vale do Rio dos Sinos (1789-1824).
 O silêncio nesse caso tem o seu próprio impacto na memória coletiva, e é de grande relevância aos que manipulam essa memória, para Jaques Le Goff  “a memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta das forças sociais pelo poder. Tornarem-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas. Os esquecimentos e os silêncios da história são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva” (LE GOFF, 1984:103).
  Com um pouco mais de leitura sobre o tema, percebi que o projeto foi um fracasso, e que gerou um grande prejuízo para a coroa portuguesa. Suas terras deram lugar à propriedades particulares de imigrantes europeus no começo do século XIX. Existem fontes que evidenciam que mais de 21 famílias de escravos que foram enviados da Real Fazenda do Rio de Janeiro para trabalhar na RFC. Essas mesmas referencias me deram luzes sobre as causas desse fracasso, diferentes perspectivas historiográficas se posicionam a respeito desse tema na academia, porém, são informações fragmentadas e que certas vezes até se contradizem, porém nenhuma dessas perspectivas possui destaque e nem sequer um lugar nas grades curriculares do ensino de história no Brasil.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Experiências Discursivas por Maria Cristina Kirach - Conversa sobre Empoderamento de Mulheres.

            No último dia 1º de dezembro de 2016, fui convidada pelas discentes do 5º ano do curso de psicologia da Faculdade Guairacá, para participar de uma das fases do projeto do estágio obrigatório do curso. O projeto das discentes se desenvolveu junto à comunidade, mais especificamente com meninas em situação de vulnerabilidade social no bairro Xarquinho – Guarapuava, várias atividades já haviam sido iniciadas naquela comunidade principalmente com meninas entre 10 e 23 anos, como visitas nas famílias, assistência no posto de saúde do bairro etc.
            O convite que recebi foi para falar sobre empoderamento das mulheres, de uma forma mais descontraída, ou seja, uma conversa mais aberta com as meninas. As atividades começaram no período da tarde, no antigo posto de saúde daquela comunidade que atualmente é utilizado por grupos de mães e mulheres que confeccionam artesanatos e também o espaço é usado para a realização de oficinas e palestras. Inicialmente as discentes realizaram atividades mais dinâmicas para quebrar a tensão entre elas e as meninas, a dinâmica era basicamente retirar perguntas embaralhadas e responde-las se quisessem, as perguntas eram em relação aos gostos, sonhos, problemas sociais atuais, e cada menina ficava livre para responder como se sentisse melhor.
            Após esta primeira parte, as estagiárias realizaram uma roda de conversa sobre sexualidade, a qual foi realizada da seguinte maneira, cada menina que tivesse alguma dúvida ou curiosidades sobre esta temática recebia um papel e escrevia a pergunta, sem identificar-se para evitar constrangimentos, várias meninas perguntaram sobre diferentes temas e os mesmos foram respondidos tanto pelas estagiárias do curso de psicologia como as agentes de saúde do bairro que também se encontravam no local.
            Depois destas atividades acima citadas realizei a fala com as meninas, abordando temas como a divisão e naturalização de papéis sociais, violência doméstica e violência no namoro, gênero, trabalho feminino e a autonomia e empoderamento das mulheres, trazendo alguns pontos do Plano Nacional de Políticas Públicas paras as Mulheres e o enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres. Também falei sobre os diversos tipos de violência em nossa sociedade (física, psicológica, sexual, institucional etc.) além de falar da importância de denunciar os agressores através do 180 que é a central de atendimento à mulher em situação de violência.
            Também citei as atividades que a Secretária de Políticas para as mulheres de Guarapuava, vem desenvolvendo ao longo destes anos, que é um intenso trabalho tanto no atendimento da Rede de Enfrentamento as mulheres em situação de violência, como a promoção do empoderamneto através da oferta de cursos, como de encanador, eletricista, panificação, doces dentre outros, são cursos que ajudam na formação profissional das mulheres para o mercado de trabalho e também a entrada de renda para o sustento familiar.
            Em seguida realizei uma dinâmica para que todas pudessem interagir e descontrair um pouco, a dinâmica abordava a temática violência doméstica e violência no namoro, e tinha por objetivo desconstruir estereótipos criados entorno da identidade de ser homem e ser mulher. Os materiais utilizados foram três cartazes com frases “concordo”, “discordo” e “não sei”, colados em diferentes lugares, quando eram lidas algumas frases polêmicas tipo: “Se as mulheres são vítimas e não deixam os agressores é porque gostam de ser maltratadas”, as meninas que quisessem participar deveriam se posicionar ao lado do cartaz, se concordavam ou não com aquela frase e as meninas que estivessem na opção “não sei”,  as outras deveriam convencê-las para ir para a opção concordo ou discordo.
            Foi uma experiência significativa conversar com elas, creio que é importante conhecer as realidades em que os (as) adolescentes se encontram, para que o conhecimento sempre parta da realidade dos (as) mesmxs.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Experiências Discursivas por Matheus Villani - O Tempo Capital

Nos dias que se passam, pelos olhos dos recém-chegados ou dos que estão partindo, há algo em comum, a cobrança sobre o tempo.  Mas porque o tempo? O tempo marca tudo e tudo provem do tempo, dependemos tanto do tempo que deixamos o lado humano para trás, associando nossos cérebros a meras maquinas, ordenadas por horários e compromissos indiscutíveis, assim “aproveitando” o máximo do dia sendo apenas peças de um grande sistema, como se fossemos algo superficial, algo irrelevante, humildes engrenagens substituíveis.
Em uma experiência do dia-a-dia, parei com um amigo em um semáforo, logo após o sinal fechar, um rapaz começou a fazer malabares com bolas, então fui questionado sobre se aquilo era ou não um trabalho, indaguei em responder, e pensei naquilo o dia todo, imaginei o esforço de estar a cada momento, no qual o sinal fecha, realizando um exercício repetitivo... O que lhe diferencia de algum individuo que senta em sua mesa, realizando a mesma função o dia todo? Por que não seria um trabalho? São questões como essas que naquele momento tomaram conta de mim.
O rapaz espera receber por deixar aqueles segundos em que eu aguardava mais curtos, por que entretenimento naquele momento em que esperávamos ansiosos, distraídos pelo fato de não estarmos fazendo nada era tão bem-vindo? Acostumamos-nos a estar sempre em função de algo, que nos cansa tomar um momento para pensar.                                                                                                           
Na contemporaneidade tudo ficou tão próximo, porém, mais distante. Nos cumprimentos á conhecidos na rua, onde o curto diálogo marca por instantes uma relação que pela falta de algo que buscamos não se prolongará, diálogos programados que se repetem instantaneamente ao “apertar de um botão”. A meu ver, chegará uma época em que estaremos tão “desumanizados” que simples chamadas emergenciais não serão gratuitas, num futuro onde tudo se baseia em um único motivo, o “tempo”.
imagem meramente ilustrativa.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Experiências Discursivas por Danielle González Campos - Minicurso História da arte

     A disciplina de História da arte é um conteúdo que não faz parte da grade curricular do Curso de História na Unicentro, já há alguns anos. Visando suprir essa ausência, ocorre desde o final de setembro o  Minicurso Curso de História da arte, organizado pelo Pet História e  ministrado pela professora do Departamento de História, Silva Mello.


     Totalizando 5 encontros realizados a cada 15 dias, com o último marcado para segunda-feira agora, dia 12(pois o Curso parou frente a greve docente e a ocupação estudantil da universidade) a professora Silvia aprofundou-se sobre os três regimes de identificação da arte: o regime ético das artes, que vai desde a “pré-história” até a idade média, onde a arte tinha uma função mágica e mesmo sagrada; o regime poético ou representativo, que vai da renascença até o século XIX onde a arte possuía função contemplativa e decorativa; e o regime estético das artes que se dá a partir da segunda metade do século XIX onde a arte é feita para gerar reflexões e muitas vezes se dá como resistência e  pretende fazer aquele que vê a obra de arte,  sair do seu lugar comum.

     Assim, tem-se construído durante o curso, reflexões a cerca do que é arte e de quem é artista, muito particulares. Uma das obras mais representativas da arte de Pablo Picasso “Les Demoiselles d’Avignon”, foi considerada um escândalo por retratar as prostitutas da avenida d’Avignon em Madri,  disseram que a exposição da tela acabaria com a carreira de Picasso. Quem diria que hoje a obra valeria bilhões, e seria uma das obras mais importantes do século XX¿ A arte, é então, como a história, feita de mudanças, assim como de permanências. A obra permaneceu, e permanece por enquanto, mas o contexto mudou e o modo de enxergar a pintura, também.

“Les Demoiselles d’Avignon” Pablo Picasso(1907)

     A mim particularmente me encantaram as obras de Vincent Van Gogh. Seus “simples” retratos do cotidiano e as cores vivas de suas pinturas expressam de forma intensa o que Van Gogh sentia, e passam essas sensações aos expectadores de suas telas. Quem é que não teve vontade de estar em “O Terraço do Café na Place du Forum, Arles, à Noite”¿Nutro também admiração por Duchamp, que revolucionou o fazer do artista no século XX, onde hoje a técnica não importa mais. O que importa é o fazer artístico, o pensar a arte, o processo criativo que o artista teve para fazer daquela obra, arte. Agora, o que conta é a ideia.

O Terraço do Café na Place du Forum, Arles, à Noite” Vincent Van Gogh (1888)


     Contantin Brancusse recriando a escultura “O beijo” de Augusto Rodin demonstrou que não é necessário ser pioneiro para criar algo totalmente novo. O Beijo de Brancusse não é o mesmo beijo de Rodin, que por sua vez não é o mesmo beijo de Gustav Klimt. As influencias e os roubos artísticos criam algo próprio e inovador. Assim como Picasso, que aprendeu com o pintor de final de semana Henri Rousseau, a desenhar como uma criança. Modesto Picasso. Suas pinturas não têm nada de infantil, mas sim uma simples erudição.


                   “O Beijo” Constantin Brancusse (1907)                      

  “O Beijo” Augusto Rodin (1882-1889)

           “O biejo” Gustav Klimt (1907-1908)


      Assim, a arte mesma, possui uma importância e motivação política e social, própria do seu tempo. Seja ao modo de representar fielmente os reis quase que divinamente, como o Rei Sol, Luís XIV, ou se apropriar das mascaras africanas e das prostitutas da avenida d’Avignon para representar pessoas comuns. Cada época tem seus anseios expressos nas obras de arte.


     Finalizo agradecendo de Coração a profe Silvia Mello, por ministrar o curso, e nos passar toda a sua paixão pela história da arte. O conhecimento construído é tentar vencer a inércia do sistema educacional atual. Gracias profe!!!!

“Viva la vida” Frida Khalo (1954)


quarta-feira, 17 de agosto de 2016

CADERNO DE RESUMOS DA III JORNADA DO PET/HISTÓRIA

CONFIRA O CADERNO DE RESUMOS DA III JORNADA DO PET/HISTÓRIA


O caderno de resumo se encontra disponível para download em PDF, neste link ou no seguimento da página.


A questão da loucura na HQ Batman: Asilo Arkham.

Felipe Raul Rachelle

Este trabalho tem por aspecto central problematizar as questões da loucura e as relações humanas presentes na HQ Batman: Asilo Arkham, procurando estabelecer um diálogo entre a história da loucura, a utilização do quadrinho como fonte histórica e de como a sua construção pode estabelecer um debate sobre a figura do louco na sociedade. Para tanto, pensar os debates acerca da história da loucura, da produção e utilização de quadrinhos nas pesquisas históricas, além de construir uma discussão com a história da arte e de como tais elementos se cruzam na HQ é um dos principais pontos deste trabalho. Entrelaçando uma análise sobre o autor, sua obra e seu contexto de produção, foi possível perceber na HQ elementos extremamente profundos, como a questão da loucura, as relações humanas desenvolvidas na HQ, e a violência como meio de ação e coação dos indivíduos. Atribuir temas tão complexos a obra demonstra o intento do autor em arrancá-la do patamar de simples passatempo, e lançá-la ao mundo como uma obra de arte. Nesse sentido, foram edificadas as discussões, pensando a loucura enquanto uma construção social e as razões pelas quais ela fora escolhida como o elemento narrativo desta história.



Mulheres cientistas Brasileiras nas revistas.

Leidimara de Araujo

O objetivo da minha pesquisa é analisar as mulheres nas ciências e a visibilidade dada a elas pela imprensa brasileira por meio do acompanhamento de noticias da imprensa brasileira, relacionando as com as politicas de equidade de gênero e politicas públicas de incentivo a participação de mulheres na ciência em todo o país. Esta pesquisa esta ligada ao subcampo gênero e ciência. Procurei analisar as Revistas Superinteressante de 1998 até 2015 e Galileu de 1999 até 2015. A imprensa tem se estabelecido como mecanismo, ora de visibilidade, ora de exclusão da participação de mulheres nas ciências. A recuperação, para a história da ciência, de figuras femininas silenciadas e esquecidas, e o estudo empírico e a reflexão sobre a exclusão das mulheres é um campo de trabalho importância indiscutível.(GARCÍA;SEDEÑO, 2006, P.34).



Trabalhadoras domésticas: relações afetivas e memória – Guarapuava PR.

Jadson Stevan Souza da Silva

Esta pesquisa pretende refletir sobre as relações afetivas e a memória de trabalhadoras domésticas, em seus contextos de trabalho, na cidade de Guarapuava – PR. Chamamos a atenção aos aspectos intimistas dessas mulheres quanto a suas histórias de vida. Quais as perspectivas subjetivas dessas mulheres que tem suas famílias, particularidades, anseios, necessidades e que precisaram se desprender desses domínios pessoais para sobreviver? Refletir tais problemáticas enquadrando-as no campo da História das Mulheres de maneira que se permita debater as questões de classe social; raça-etnia; espaço público e privado; identidade e subjetividade; são interesses que permitem discutir o processo de (des)valorização do emprego doméstico e seu papel de conforto e proteção social das famílias que as empregam. Para tanto, faremos uma análise com base nos relatos orais de experiência de empregadas domésticas da região de Guarapuava, com abertura a fontes pessoais dessas trabalhadoras de valor recordativo, tais como fotografias e outros objetos adquiridos no exercício do trabalho doméstico. Pretende-se selecionar trabalhadoras doméstico, com perfis diferenciados (geracional, escolaridade, etnicidade, etc.), para organização das entrevistas. O estudo que se propõe terá como base a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, especificamente analítica e em forma de estudos de caso, para o alcance dos objetivos.


A representação feminina em Xena: The Warrior Princess.

Amanda Perbeline dos Santos

A pesquisa ainda em fase inicial pretende analisar se e como a série Xena: The warrior princess trabalha a representação feminina. A proposta é averiguar se a série passa pelo Bechdel Test e como isso é visto dentro da indústria cultural norte-americana. Pretende-se ainda analisar os recursos de roteiro criados pela série. Ainda demonstrar como o chamado 'subtext' é utilizado dentro da representação de gênero e como as personagens Xena e Gabrielle sobrevivem dentro da indústria. Usando como base Clarissa Pinkola Estes que trabalha com o arquétipo feminino nos mitos, muito utilizado na construção de personagens femininas na televisão, Douglas Kellner que trata do conceito de Cultura da mídia, Judith Butler e Robert Weisbrot que trabalha com o universo de Xena e da representação feminina na televisão norteamericana. Xena the warrior princess - Bechdel test - representação feminina.


ANDAR DE SKATE NÃO É CRIME: A HISTÓRIA DE UM PROTESTO SOBRE RODAS.

Vinicius Ferreira

A presente pesquisa se lança no intuito de analisar as manifestações por parte dos skatistas da cidade de São Paulo no final da década de 1980. Essas manifestações se concentraram em uma passeata contra a proibição do prefeito Jânio Quadros, que restringiu o uso costumeiro por parte dos skatistas de andar de skate no parque Ibirapuera e posteriormente em toda a cidade de São Paulo. Vemos na proibição de Jânio, e na resistência por parte dos skatistas um conflito de classes, justamente por isso partimos dos pressupostos teóricos de Edward P. Thompson e seu capítulo três do livro Costumes em Comum (1998), denominado “Costume, lei e direito comum”. A construção do arcabouço documental partirá principalmente de matérias de jornais impressos e fotos do período, além de uma criteriosa revisão historiográfica sobre o tema.


Nuevo Cancionero Popular Paraguayo" como resistência frente a ditadura Stronista.

Danielle Gianinna González Campos

A partir das últimas décadas da ditadura militar de Alfredo Stroessner (1954-1989), surge no Paraguai um movimento musical de crítica social e contestação a opressão vivida no período: o movimento “Nuevo Cancionero Popular Paraguayo”, influência dos movimentos musicais Latino-americanos de protesto, frente aos regimes ditatoriais da América Latina em seus respectivos períodos. Esta pesquisa pretende então, estudar a importância desse movimento na sociedade Paraguaia, vendo a música como manifestação social e cultural, e em especifico, estudar as obras dos paraguaios Carlos Noguera e Maneco Galeano, principais compositores da “Nueva Canción Popular Paraguaya”. Esses dois compositores dialogam com poetas paraguaios oposicionistas ao regime Stronista, como fonte de inspiração para suas composições e poesias, assim como escrevem sobre suas próprias visões da realidade paraguaia, a partir de suas perspectivas sociais e inquietudes. Pretende-se afirmar que Galeano e Noguera assim como Mercedes Sosa, Daniel Viglietti, Victor Jara e Violeta Parra fazem parte do movimento “del Nuevo Cancionero Latino Americano”, que traz a música como forma de resistência as ditaduras instaladas em toda a América Latina. Assim, o estudo dessa “nueva” forma da música paraguaia tem por objetivo dar voz a resistência da sociedade na ditadura Stronista, tão silenciada, como seus aspectos e consequências.


Mulheres rés: processos-crime em Guarapuava (1890-1920).

Maria Cristina Kirach

Este resumo da pesquisa de Iniciação Científica tem dentre seus vários objetivos analisar a construção social sobre o feminino dentro da criminologia, compreendendo as discussões entorno do crime. Para tanto, utilizamos do gênero enquanto categoria de análise, para compreender o discurso jurídico dominante em que mulheres são postas como objetos passivos. As análises tiveram embasamento em 25 processos-crime, como fontes históricas, disponíveis no CEDOC/G da UNICENTRO. Em primeiro lugar buscamos compreender os tipos de crimes cometidos pelas mulheres, analisando suas condições de vida e as relações estabelecidas nas circunstâncias dos atos, traçando um perfil das rés. Buscamos também compreender as representações da violência e da criminalidade naquele contexto histórico. Palavras-chave: Crime; Discurso Jurídico; Gênero; Mulheres.


Os estudos de etnografia indígena em Edgar Roquette-Pinto: uma análise da expedição antropológica ao “Coração do Brasil” (1912).

Matheus Villani

Em 1912, o antropólogo Edgar Roquette-Pinto realizou uma expedição em acordo entre o Museu Nacional e a Comissão Rondon, o qual, o principal objetivo da expedição consistia em obter conhecimento sobre os povos indígenas que habitavam a região onde hoje se encontra o estado de Rondônia. A iniciativa buscava realizar estudos antropológicos de campo, que até então, o próprio Roquette-Pinto apenas organizava documentos que chegavam através das Comitivas de Rondon. Essa Expedição ao “coração do Brasil”, como realça o autor, lhe proporcionou uma visão etnográfica sobre a realidade dos povos que habitavam a região do interior do país. Através dessa experiência o antropólogo registrou os dados em seu diário de campo, obra que em um futuro póstumo ganharia o titulo de Rondonia: Anthropologia-Ethnografia (1917). O objetivo desta pesquisa consiste em analisar como o antropólogo Edgar Roquette-Pinto através dessa expedição científica, retratou os sertanejos e povos indígenas que teve contato durante sua viagem ao interior do Brasil, em especial os índios Nambikuaras. Nutrido de um grande conhecimento etnográfico, Roquette-Pinto registra dados físicos, fichas de retrato falado, fotografias, além de demonstrar a difusão, entre os índios e sertanejos, e como isso influenciou na cultura dos povos até então desconhecidos do Brasil.


MÚSICA, CORPO E IDENTIDADE NO KIKIKOI: UMA ANALISE DISCURSIVA DO RITUAL DOS MORTOS KAINGANG.

Pedro de Oliveira Lefèvre Renó

A Pesquisa tem como foco principal, uma analise discursiva da música e do corpo no Kikikoi, ritual dos mortos realizado em 2000 na terra indígena de Xapecó/ SC, onde através de um registro áudio-fotográfico, busco encontrar e ressaltar os discursos que reforçam a forma dualista do Kaingang entender a realidade. Compreensão essa que ao meu ver, influenciam suas relações orgânicas organizacionais, usando para essas ações uma base única e dualista, que pode ser associada à diversos fatores, como ao seu tronco linguístico. Também pode ser associado à outros aspectos, reforçados por discursos que permeiam toda a existência Kaingang, reproduzidos através por exemplo dos mitos de origem, que trazem traços da cosmologia diretamente para a forma de organização social. Analiso os discursos presentes na sonoridade e na corporalidade do ritual, problematizando as deferentes etapas do ritual, e mostrando que mesmo que subjetivamente, os discursos que constróem essa mentalidade estão presentes. Seja em forma de dança, de pinturas corporais, nos instrumentos ou na própria entonação da voz, todos esses aspectos, assim como toda a existência, são pensados e reproduzidos pelos Kaingang através dessa base dualista, e que segundo alguns estudos, pode ter gerado uma nova forma de duplicação de identidade, podendo ser hoje o Kaingang: Católico, seguidor das crenças e rituais tradicionais onde se identifica como Kamé ou Kairu, ou pode ser “Crente”, não seguidor da tradição Kaingang e nem de seus rituais, sendo também considerada uma forma de se identificar não como minoria, mas sim como parte de uma maioria estabelecida, parte do sistema capitalista.


DOENÇA MENTAL E EUGENIA NO BRASIL (1929-1933).

Vanessa Raquel Correa Daun

Este texto tem como objetivo apresentar o desenvolvimento do projeto de iniciação científica: “Doença mental e eugenia no Brasil: uma análise a partir do Boletim de Eugenia (1929-1933)”, assim, busca-se de modo geral analisar os debates sobre eugenia e doença mental publicados no Boletim de Eugenia, entre 1929 a 1933. De forma mais específica pretende-se compreender a história da psiquiatria no Brasil no início do século, atentando para os personagens e instituições ligados ao campo da psiquiatria, assim como analisar a relação entre o discurso eugênico e psiquiátrico e a doença mental, investigando a relação entre ciência, o campo médico e as discussões sobre raça e identidade nacional no Brasil de início do século XX. A metodologia dessa pesquisa é a analise especialmente do Boletim de Eugenia, periódico publicado entre 1929 e 1932, e que teve um importante papel na difusão e institucionalização da eugenia no Brasil. Além de discussões específicas sobre o campo da eugenia, o Boletim trazia um conjunto de artigos que refletiam sobre temas relacionados ao campo da psiquiatria, sobretudo temática associada às discussões sobre doença mental. Também serão analisados documentos relacionados à Liga Brasileira de Higiene Mental, como o período Archivos Brasileiros de Higiene Mental.


Debates sobre a eugenia na imprensa, debates a partir do jornal O Globo (1920-1930).

Hajane Sandra Kautnick

A pesquisa tem como objetivo analisar os debates sobre eugenia promovidos pela imprensa brasileira, evidenciando discussões divulgadas na páginas do jornal O Globo no período de 1920-1930. Analisa principalmente inquéritos promovidos pelo jornal relacionados a educação sexual, implantação de exames médicos pré-nupciais e debates sobre esterilização eugênica. Interessa também a compreensão das interferências temáticas polêmicas veiculadas no jornal O Globo. Como questões de formação racial brasileira também da educação sexual, controle matrimonial e esterilização eugênica promovendo ideário que eram propostos por médicos, eugenistas, educadores e autoridades públicas. Além de analisar a relação entre ciência, sociedade e raça no Brasil de inicio do século XX.


Pensamento Racial, Eugenia das décadas de 10 a 30 e a sociedade eugênica de São Paulo 1917-1918.

Maxwel Nunes de Oliveira

A pesquisa tem como foco destacar o pensamento de intelectuais eugenistas entre as décadas de 1910 e 1930 no Brasil. O movimento eugenista, organizado depois da Primeira Guerra Mundial, formado por médicos, higienistas, advogados e educadores, e a preocupação com as ideologias raciais, como saneamento, higiene, saúde pública e educação, as ideologias raciais e formação de nacionalidade também influenciaram o pensamento de sociedade eugênica no Brasil e também a trajetória de Renato Kehl e sua liderança no movimento no movimento eugenistas Brasileiro. As atividades intelectuais de Khel, entre as décadas de 1910 a 1930 se destacaram pela organização do movimento eugenista brasileiro, em especial fundação da sociedade eugênica de São Paulo, o que daria inicio a uma reunião de médicos para incutir a ciência eugênica de Francis Galton, organizado em 1917. Após a reunião de Kehl enviou uma circular aos médicos do município e do estado propondo a criação de uma nova sociedade cientifica. A Sociedade Eugênica de São Paulo realizou seu primeiro encontro em 15 de janeiro de 1918. A sociedade reuniu 140 membros.


Uma análise da URSS, através dos filmes de Andrei Tarkovsky.

Maxton Moreira Filho

A pesquisa, tem como foco três filmes do cineasta Russo Andrei Tarkovsky, seriam essas Ivanovo Detstvo (A infância de Ivan), Solyaris (Solaris) e Nostalghia ( Nostalgia). Através desses filmes e usando o metodologia proposta pelo historiador francês, Marc Ferro, da terceira geração dos annales problematizar o que o mesmo chame de "sociedade que produz, sociedade que recebe", encontrar a zona de realidade (social) visível e não visível, que seria a ideologia que o autor dos filmes coloca de forma consciente e inconsciente em suas obras. Entender o filme como uma fonte histórica, mesmo que ele seja uma obra ficção. Esse método de analisa vai além de interpretar o filme, mas entender a sociedade que o concebeu, analisar as vertentes ideológicas dos indivíduos que o produziram, e identificar a recepção dessa mesma sociedade, se condizia com as ideias que vigoravam no seu meio social. Os tres filmes são de momentos diferentes de um mesmo regime, e é através deles que a pesquisa pretende problematizar e identificar esses períodos e identificar a influência dos mesmos no filme.


As manifestações de junho de 2013 por meio das revistas Carta Capital e IstoÉ.

Dyener Santos

Orientado pelo professor Fábio Ruela de Oliveira, a problemática desta pesquisa é lançar questões sobre as análises midiáticas acerca dos eventos e grandes manifestações de junho de 2013 em São Paulo e no Brasil. Neste sentido, optamos por tomar como objeto de análise duas revistas popularmente difundidas: Carta Capital e IstoÉ. Intentaremos encontrar o posicionamento político de cada revista, partindo dos textos que tratam do cenário político brasileiro em 2013. Sendo assim, buscamos demonstrar o contraste entre as duas revistas, com o intuito de ampliar as análises acerca destes eventos de grande dimensão para a história do Brasil recente. A proposta compreende o recorte temporal entre janeiro e outubro de 2013. A intenção deste recorte é analisar textos que retratam o período das grandes manifestações que ocorrem em todo o Brasil – principalmente durante o mês de junho. Pretende-se analisar textos de alguns meses anteriores a junho, com a intenção de compreender a atmosfera política do Brasil. Nos meses posteriores a junho, buscaremos compreender os significados e legados, que aquelas manifestações que se iniciaram por conta do transporte público em São Paulo, deixaram nos corações e mentes dos brasileiros. A perspectiva da atualidade não será negligenciada. A escolha de Gramsci como principal referencial teórico deste trabalho deve-se aos seus conceitos de hegemonia; intelectuais tradicionais; e intelectuais orgânicos – os quais facilitam a análise proposta. Para Hobsbawm (2011), Gramsci é um dos mais importantes teóricos marxista pois contribui de forma significativa para construção de uma teoria política do marxismo.


O movimento punk na região de São Paulo entre 1975 a 1985.

Daniel Michel Vieira Lopes

A pesquisa diz respeito ao movimento punk no Brasil na região de São Paulo durante o período de 1975 a 1985. A pesquisa visa compreender o punk como um movimento social em suas características marcantes como roupas, música, ideologia e como se deu a formação deste movimento como grupo social e identitário, trazendo à tona questões políticas e sociais que acompanham a cena no Brasil. Para isso farei uso do documentário “Botinada: a origem do punk no Brasil”, direção de Gastão Moreira, 2006, enquanto fonte histórica secundária para acompanhar o início e desenvolvimento do punk em São Paulo.


VOCÊ ESTÁ FALANDO COMIGO? Os homens solitários em Taxi Driver e Colateral.

Artur Felipe Santos Lopes

A partir da década 1960, em função de diversas mudanças de ordem econômica e cultural, a indústria do cinema de Hollywood sofreu uma forte mudança. Uma nova geração de cineastas surgiria e marcaria sua época por conta da abordagem de temas caros à sociedade estadunidense, crítica social, e tom pessimista. Várias dessas produções eram pautadas os dilemas de pessoas comuns. Nos últimos anos, diversos historiadores e pesquisadores de outros campos se debruçaram sobre este vasto período de produções cinematográficas, e vêm criando um prolífero diálogo acadêmico. Com base nessas recentes discussões e produções metodológicas sobre a relação existente entre História e Cinema, este artigo preocupou-se em analisar as representações cinematográficas da solidão e do individualismo no contexto urbano, presentes nos filmes Taxi Driver e Colateral, levando e conta os contextos históricos e o processo criativo das respectivas obras. Assim elaboramos um ensaio teórico que nos permita uma reflexão sobre o papel da veiculação ideológica, da produção de sentidos e das possibilidades de interpretação, bem como suas influências sobre a análise histórica.


HISTÓRIA DA LOUCURA E HUMANITARISMO: A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO HOSPITAL COLÔNIA ADAUTO BOTELHO (1995-2001).

Jakeline Santos Carvalho

O trabalho propõe a investigação da Reforma Psiquiátrica no Hospital Colônia Adauto Botelho, em Pinhais, entre os anos de 1995 a 2001. Os eixos centrais da investigação serão as condições da implementação da reforma através dos documentos oficiais da instituição, de depoimentos e da base jurídica que permitiu a mesma. Para tanto partimos de discussões em torno da historicidade do processo em questão e de História da Loucura e da Psiquiatria com o objetivo de compreender as representações em torno de saúde mental do Paraná naquele período. Serão mobilizadas análises em torno da ordem discursiva dos testemunhos e das sociabilidades no papel desempenhado pelo Estado no que diz respeito às leis e portarias que possibilitaram aos poucos as mudanças dentro da instituição, que representam a noção de biopolítica. Ao cabo, pretendemos esclarecer parte da História da Loucura e da Psiquiatria em meio ao processo complexo da Reforma Psiquiátrica, através da busca por uma humanização do saber médico. Assim, as mudanças são históricas e a Reforma, entendida como ruptura a anos de conflitos internos da própria psiquiatria, é ainda uma constante que prossegue em movimento e disputando seu espaço junto as diversas relações de saber e de poder.


Ecologia na Imprensa: uma análise de história ambiental da Revista Globo Rural.

Denis Henrique Fiuza

Este trabalho tem três objetivos principais. O primeiro é refletir sobre as possibilidades de analises históricas possíveis a partir da revista Globo Rural e de sua complexa rede de relações sociais, além de analisar a interação da mesma com o público leitor em geral, e em especial com os produtores rurais. A segunda, diz respeito a questão chave: a ecologia. Nesse tópico realizo uma análise do discurso ecológico da revista, e que tipo de preservação do meio ambiente ela propõe e defende. E na terceira parte procuro lançar algumas hipóteses que surgiram durante a análise da revista, principalmente no que diz respeito a uma nova valorização do ambiente rural identificada em várias edições da revista.


Ciência Hoje e a invisibilidade das produções femininas?

Aline Teodoro dos Santos

Compreendendo a capacidade de difusão da revista Ciência Hoje no fazer científico, assim como o seu meio de circulação, ou seja, não ligado unicamente ao universo acadêmico, fica evidente seu papel na popularização da ciência. Sendo assim, a presente pesquisa que se encontra em desenvolvimento, foram analisadas 12 revistas que correspondem aos anos de 1990 e 1991, se utilizando da categoria de análise gênero. A revista é compreendida como portadora de um discurso do lugar em que a mulher ocupa na sociedade, nesse sentido, no que tange a revista Ciência Hoje o enfoque que a norteia é relacionado ao espaço da divulgação da produção científica das mulheres cientistas brasileiras, demonstrando se existe ou não a invisibilidade. Diante das análises realizadas, a revista nos permite perceber o surto de pesquisas voltadas à área das ciências biológicas na quarta edição do ano de 1990, onde, 90% das publicações estão voltadas a essa área, para além dessa edição, temos um número significativo pesquisas voltadas que também são voltadas a essa área que vem permeando suas edições. Outro fator a ser ressaltado é em relação as publicações que essas mulheres realizam, tendo em vista que a revista em sua estrutura recebe artigos de divulgação de pesquisa, resenhas, curiosidades, notas explicativas, etc, isso se caracteriza como uma fator importante, tendo em vista a necessidade de realizar as produções realizadas por essas mulheres.  


Periódico "Esquema do Oeste" e a violência contra mulher.

William Fernando Peplow

As problemáticas das pesquisas desenvolvidas pelos historiadores têm uma ligação direta com o contexto espaço temporal em que estes profissionais estão inseridos. Assim como atualmente tem-se um aumento considerável nas discussões acerca dos papeis de gênero, desigualdade entre os sexos e violência contra mulher, acabou sendo construído o projeto de iniciação científica denominado “Violência contra mulher e sua abordagem no jornal Esquema do Oeste”. Coordenado pela professora Luciana Rosar Fornazari Klanovicz e inserida no campo de Estudos de Gênero e História, esta pesquisa tem como finalidade identificar e analisar como o periódico “Esquema do Oeste” desenvolveu uma narrativa acerca da violência contra mulher em suas notícias e matérias no decorrer da década de 1980. Com os resultados iniciais da problematização realizada sobre as fontes foi possível constatar que este jornal apresenta matérias discutindo a criminalidade e também notícias sobre casos de violência, principalmente na coluna dedicada as informações do município de Prudentópolis. Porém a criminalidade destacada tem como enfoque os assaltos e roubos e os casos de violência expostos tiveram como vítima os homens e casais heterossexuais. Mas como a pesquisa ainda encontra-se em desenvolvimento outros resultados e percepções sobre esta temática poderão emergir, durante a análise das fontes.